sexta-feira, 31 de dezembro de 2010

Retrô à la Lobo

Lá vem o ano novo. Lá vem a virada, os abraços, os cumprimentos. Tem gente que não sabe se é um festejo, realmente. Eu considero. Eu acredito que é praticamente um ato heróico chegar a uma nova virada. Eu aceito os cumprimentos, porque eu mereço.

Ainda mais quando o ano é conturbado. Esse 2010 foi bom, foi legal, teve um início regado de alegrias. Depois, deu uma desbotada. Uma desbotada grande. Nada que abale por completo. Eu tenho uma aquarela em mãos o ano inteiro, sou precavido. O que a vida tenta tirar a cor, eu vou lá e pinto de novo. Rapidinho. E de azul e amarelo.

E nada mais justo do que começar a dar corpo ao texto falando neles. Os guerreiros da avenida. Os imperadores dos gramados. Os louváveis soldados do incansável exército azul e ouro. Falar sobre o Pelotas é assim, mesmo. Um, dois, talvez três elogios por frase.

Janeiro foi um mês desastrado. Começou com a reforma ortográfica. Nas retrospectivas por aí vocês não vão ouvir falar dela, mas eu não esqueci, não. Sou rancoroso. Pra mim tanto jibóia quanto idéia vão ter os seus belos acentos pra sempre. Também sou solidário. Vocês todos podem esquecer o trema, mas eu ainda vou usá-lo bastante. Mesmo que de forma dësnëcëssáriä. Também em janeiro o Pelotas enfrentou o Grêmio. Vocês sabem muito bem o que aconteceu. Foi a primeira 'decepção-alegre' do ano. Uma forma mais amena de me decepcionar que eu aprendi em 2010. O Lobão voltou.

Fevereiro chegou enquanto ainda se respirava futebol por aqui. O retorno ao trabalho. Os colegas novos. As oportunidades novas. Até mesmo de se apaixonar, por que não? E março já veio grudado, com muito trabalho e satisfação. Se eu não grudar meses assim, o texto vai até 2012.

Passado tudo isso, veio o Abril glorioso. É lógico que eu vou voltar a falar do Pelotas. Alguém realmente achava que não? Vitória em pleno Olímpico. Vitória contra o improvável. Vitória contra um retrospecto admirável. Vitória inesquecível. Vitória. Só não foi mais comemorada porque 4 dias depois outro feito foi alcançado. Um capítulo à parte. Uma partida de futebol jogada com o coração. Algo tão perfeito e rico em detalhes que vai ter um texto exclusivo. 150 minutos de aflição e uma explosão de alegria inenarrável (mas que eu ainda pretendo narrar). Pênalti não é loteria. Pênalti é grito. Mais uma lição desse 2010 safado. Uma semana depois, a segunda decepção-alegre do ano. Um estádio lotado que se rendeu a uma euforia única. Sem mais.

Maio e Junho foram de expectativa. Pelo meu aniversário, é claro. Eu faço uma contagem regressiva pra essa data tão importante. Começa de 365 e vai baixando, mas eu só dou importância a partir dos 50 dias restantes, mesmo.

Julho de alegria, agosto de nostalgia, setembro de recompensa. Recompensa de uma vida. Fazer 80 anos não é pra qualquer um. Minha avó, no entanto, conseguiu. Oitentinha. De muito amor, de muita graça, de muita atitude, de sorrisos, de incomodações - claro, e - acima de tudo - de muitos ensinamentos. Ela ganhou até festa! Um salão lotado de amigos. Mais que amigos, admiradores. Dona Doralina é especial. E tem mais: se um dia me perguntarem qual o lugar mais inusitado que eu bebi, sem pestanejar digo que foi em uma festa de oitenta anos. Sabem as "incomodações" que eu citei logo ali acima? Eu sou uma delas.

Outubro vermelho. Eleições agitadas. Plínio, aquele velho lindo, infelizmente não venceu. Mas foi por pouco. Novembro complicado, de expectativas. Contagem regressiva para o recesso, que demorou, mas veio.

Dezembro de descobertas. Umas boas, outras não. Descobertas tristes, que envolvem coisas complicadas e importantes demais. Descobertas de dificuldades jamais imaginadas. Descobertas de um mundo novo, solitário, que ninguém mais foi convidado. Um mundo no qual eu tento entrar a cada dia, pra trazer de volta pro nosso mundo quem a gente tanto ama. Descoberta, também, de que todos temos muito mais força do que imaginamos. De que cada dificuldade pode ser transposta com amor. Simples assim.

2011 chega com esse momento. Não triste. Complicado. Que venha logo esse ano. Que minha próxima retrospectiva, daqui a 365 dias, possa ser ainda melhor. Que os problemas se afastem, sejam suprimidos pelo amor incondicional da família e dos amigos. Que não tenhamos coisas negativas a lembrar. Que nada nem ninguém tente tirar a cor da nossa vida. Mas, se tentarem... Eu vou estar aqui, com meus lápis. O azul e o amarelo. Coloridos e vibrantes. Eufóricos e felizes.

Feliz 2011 pra todos.
E parabéns. Vocês também merecem.

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