sábado, 25 de dezembro de 2010

Feliz Natal?

É fácil, saudável e divertido. É controverso, educadamente correto e revigorante. É global! A atitude de desejar um 'feliz natal' a todos que passam por nós e que - por algum motivo - fazem parte de nossas vidas é algo rotineiro. Pelo menos em dezembro, é claro. Em junho não se vê muito disso.

O nascimento de Jesus Cristo tem que ser comemorado. É uma tradição que perdura. É eterna, sem dúvida. Se não pelos reais motivos, pelo menos pelo comércio. Afinal, Jesus está mais presente na nossa vida do que imaginamos. Ele nasce, presentes. Ele morre, feriado. Ele ressuscita, chocolate. É um ser realmente influente em todas as áreas.

Só tem uma coisa que não se encaixa nessa história. Se o natal é realmente feliz, por que as músicas alusivas à data não acompanham essa proliferação de sentimentos exclusivamente bons em todas as suas frases?

Venham comigo, acompanhem essa análise: Conhecem a música "Anoiteceu"? Essa aqui, ó:

"Anoiteceu, o sino gemeu".

Anoitecer é normal. Acontece todo dia. É um espetáculo que a natureza nos proporciona! O sino gemer é que é complicado. Gemer é uma atitude complexa. Pensem comigo duas coisas pelas quais a gente geme. Uma é a dor. Outra é bem diferente. Mas nenhuma se relaciona com o natal. Com nascimento, sim. Mas não o de Jesus.

"E a gente ficou feliz a rezar
Papai Noel vê se você tem
A felicidade pra você me dar".

É uma pessoa infeliz que está escrevendo isso. Se contradiz dizendo que fica feliz rezando, mas não tem felicidade em casa. Tanto, que tem que encomendar pelo Papai Noel. Mas que judiaria! Eu imagino ela escrevendo isso com lágrimas nos olhos.

"Eu pensei que todo mundo fosse filho de Papai Noel".

Essa pessoa tem sérios problemas no que diz respeito à concepção humana. Possivelmente foi criada longe do pai. A mãe, safada, não quis revelar quem era o progenitor e colocou as culpas no bom velhinho. Afinal, é muito mais fácil. Ele é uma figura legal, tem barba branca, traz presentes. Toda criança se agrada. Ao invés da figura de um pai distante, vendeu um pai que vem uma vez por ano trazendo coisas boas.

"Bem assim felicidade,
Eu pensei que fosse uma brincadeira de papel".

Ah, pelo amor de Deus! Ela realmente não conhece a felicidade. Achou que fosse uma brincadeirinha. Que música triste!

"Já faz tempo que eu pedi, mas o meu Papai Noel não vem".

Sem palavras. Pai ausente, criança triste. Vivendo na expectativa.

"Com certeza já morreu
Ou então felicidade
É brinquedo que não tem".

Quem já morreu? O Noel? A felicidade? Em qualquer caso é igualmente triste. Felicidade de fato não faz parte do dia-a-dia deste pobrezinho. E sabem o que mais? A música acaba aí. Inacreditavelmente, acaba aí. Depois recomeça, com toda sua contradição, toda sua amargura.

Imaginem isso em um cartão de natal. A letra da música e depois uma mensagem. "Feliz Natal! São os votos de...". Só pode ser piada. É ironia pura. Chega a ser maldade. Se fosse uma canção positiva o tiozinho que cantou ela naquele link lá de cima (http://migre.me/3bZAQ) cantaria feliz! Vocês não enxergam a tristeza no olhar dele? Os últimos segundos são torturantes.

Então, o que tenho a dizer é um feliz natal de verdade pra todos. Daqueles especiais. Rodeados das pessoas que a gente gosta. Precisamos de pessoas que amamos, não necessariamente papai, seja noel ou não. O que importa é acharmos a felicidade, sem precisar encomendá-la. Ela está sempre mais perto do a gente imagina. Com certeza ela não morreu. Ela é um brinquedo que ainda tem... É inesgotável.

Feliz Natal, com uma música feliz de verdade.

2 comentários:

Bianca Zanella disse...

Nada melhor que encarar um plantão com ironias...

Feliz Natal, gordinho querido! :-)

Bianca Zanella disse...

Ou melhor, melhor era não ter que encarar um plantão!