sexta-feira, 22 de fevereiro de 2008

Festa no condomínio.

Se o corpo humano tivesse o funcionamento de um condomínio qualquer, com um síndico viril e não muito compreensivo, meu estômago já teria sido notificado judicialmente por suas atitudes que prejudicam a vizinhança.

O estômago é aquele órgão de função digestiva, que mais parece uma galo sem cabeça e sem rabo, dependendo do ângulo que for visualizado. Dividindo o andar com o fígado, o estômago 'mora' logo abaixo do esôfago. Nas portas ao lado estão os famosos rins. Irmãos gêmeos de grande importância para o condomínio. Seriam de fato unidos como irmãos, não fosse a presença dele... O estômago. Bem no meio. No apartamento de baixo, o pâncreas. Produtor de suco, um órgão gente boa. O estômago costuma ser tão espalhado que quase não dá espaço pro baço viver em paz. Sorte dele que o baço não quer complicação com ninguém. Só fica lá, produzindo seus anticorpos. Aliás, o estômago também não tem má índole. Apenas apresenta pequenos desvios de conduta.

Quando chega a noite, ninguém pára por completo, mas todos descansam. O condomínio geralmente fica em repouso. O esôfago é um dos que mais trabalham. Ar para dentro, ar para fora. Quanta tranqüilidade. Pena que a tranqüilidade foi interrompida. No meio da semana, o meu estômago começou a exigir uma melhora na qualidade dos alimentos ingeridos. A correria do dia-a-dia me impossibilitou de atender à exigência dele. Foi então que, em uma bela madrugada, ele começou seu show. "O exército de um órgão só".

Embrulha, relaxa, trepida, faz barulho... Incomoda o condomínio inteiro. O pessoal que mora do lado fica louco com tamanha falta de consideração. Ainda mais naquele horário. Tanto, que até mesmo quem mora na cobertura acaba perdendo o sono. Quem é que consegue colocar o cérebro para sonhar com coisas boas com essa farra toda lá embaixo? O maior problema é que depois de tanta incomodação, o pessoal começa a direcionar a reclamação lá para baixo. Para o zelador. O reto. O reto "interfona" pro estômago, que descarta todos os alimentos que ele não gostou por elevador. E assim eles ficam a noite inteira, em uma discussão sem fim. Quando o reto se cansa da labuta, o estômago - ainda muito brabo - bota tudo que tem em casa pra fora pelo esôfago. Logo por ele, que naquela noite só queria saber de respirar. Coitado. É por essas e por outras, que quando se vê na televisão reportagens sobre tráfico de órgãos, elas geralmente tratam de rins e córneas. Nunca de estômagos. Não é mais uma questão da medicina. É o preço que ele paga pelo mau comportamento.

Hoje, sábado, passados três dias de festa ininterrupta no apartamento deste maldito órgão, percebo que o cansaço começou a tomar conta dele. Quase não são enviados fragmentos de nada para o esôfago. Para o reto, sim. Essa parte ainda não acabou. Afinal, "para baixo todo
santo ajuda".

A qualquer momento sei que o silêncio da noite será cortado por um som inesperado. Não será um simples foguete ou um imponente trovão. Muito menos um dos moradores do meu real condomínio, no qual meu condomínio figurativo repousa. Eu sei que é coisa do meu estômago. É coisa dele, que se revirou o dia inteiro. Que se embrulha com um copo de água. Que fica fazendo birra e trepidando só pra não me deixar dormir. É tudo coisa dele, que - a julgar pelo barulho - comprou um pandeiro e um bumbo.

Este sou eu hoje. Um condomínio regado com muita água, na esperança de que essa festa cansativa preparada pelo meu pior inquilino possa ter fim.

4 comentários:

Francisco Lima disse...

Gostei das metáforas, mas...

QUE NOJO!

De qualquer forma... melhoras pra ti! ;)

Nathalia King disse...

mas ja ta mais que adcionado! hahaha
beijosss

Max Correa disse...

Cara, fui comentar aqui e fui vitimado pelo que o professor Jairo chama de "Sindrome da Tela Branca".

Como fiquei indignado sóme resta texingar :

"Leandro seu PUTO!!!!"

Max Correa disse...

Caro Duende Verde :

Caso você acesse esse blog quero deixar claro que estou comentando aqui por um acaso. Eu e Leandro Lopes não nos conhecemos.

Não faça com ele o que você fez com a tia May.